O processo de reforma constitucional que
finalizou neste 24 de fevereiro em Cuba esteve viciado desde a sua
origem, porque não nasceu do consenso popular. Ele foi criado por
uma comissão formada pelo Partido Comunista de Cuba, dirigida pelo
General Raul Castro e composta também por membros da Assembleia
Nacional, nenhum dos quais foi escolhido em eleições livres, justas
e plurais. Por outro lado, o texto constitucional está desenhado
para garantir a perpetuação no poder do Partido Comunista e proíbe
diretamente a participação cidadã na definição do sistema
econômico, político e social. A nova constituição que se pretende
estabelecer é contrária às regras da democracia e ameaça com o
uso das armas contra a aquelas pessoas que pretendam mudar o sistema
que nela se define.
A jornada do 24 de fevereiro esteve marcada
pela fraude, a falta de transparência e a violência verbal e física
contra os membros da sociedade civil e da oposição, por parte das
forças repressivas e, em muitos casos, também das autoridades
eleitorais. Até o momento temos podido confirmar:
-
Pelos menos 100 detenções para impedir a
observação do escrutínio e, em muitos casos, também a própria
votação (77 correspondem a membros de UNPACU, dos quais 14 desses
membros permanecem desaparecidos);
-
Dezenas de fatos de violência física baixo
responsabilidade de tropas especiais e agentes da segurança do
Estado (G2). Eles golpearam cidadãos no momento de assistir aos
colégios de votação.
-
Centos de eventos de intimidação contra
cidadãos promotores do movimento do NO e observadores. Entre esses
eventos destacam:
- Atos de repudio na chegada aos colégios de votação;
- Perseguição e advertências exercidas diretamente por agentes da segurança do Estado;
- Restrição da mobilidade aos ativistas, com proibição de sair dos seus domicílios.
- Milhares de reportes sobre irregularidades que dão conta da invalidez do processo como:
-
Ausência de condições para votar de forma
secreta;
-
Propaganda a favor da opção oficialista
nos colégios eleitorais colocada pelas autoridades eleitorais;
-
Proibição do voto a cidadãos cubanos
residentes na ilha.